Esquizofrenia

O que é?

A esquizofrenia é uma doença psiquiátrica crónica e grave caracterizada por uma disrupção no funcionamento do cérebro, que afeta funções importantes como o pensamento, as emoções, o comportamento, a perceção, os afetos e as interações sociais. Neste sentido, as pessoas com esquizofrenia parecem, muitas vezes, perder o contacto com a realidade.[1] Em Portugal, estima-se que cerca de 48 mil pessoas tenham esquizofrenia.[2]

Quais os principais sintomas?

Pode manifestar-se através de um ou mais sintomas em simultâneo. Os sintomas de esquizofrenia são bastante complexos e diversos, sendo que existem dois principais:

  • Alucinações – por exemplo, ouvir vozes. A pessoa perceciona (ex.: vê, ouve, cheira) algo que não está realmente a acontecer. Esta sensação origina frequentemente medo, confusão, afastamento e agitação.
  • Delírios – por exemplo, crer que alguém lhe quer fazer mal. A pessoa tem uma ou mais ideias falsas que não mudam, mesmo com evidências que as contrariam (ex.: acreditar que alguém ou algo controla as suas ações e/ou pensamentos).

Paralelamente a estes sintomas, surgem outros:

  • Desorganização do comportamento e psicomotricidade – por exemplo, falar sozinho, abanar os braços sem propósito aparente ou ficar horas sentado sem se mover ou falar.
  • Desorganização do pensamento e discurso – por exemplo, dificuldade em associar ideias ou discurso confuso e incoerente.
  • Falta de motivação e de prazer – por exemplo, na higiene ou na interação social, ausência de expressão no rosto e na voz enquanto fala ou dificuldades em iniciar e manter a concentração nas tarefas.[3]

O que causa a esquizofrenia?

A esquizofrenia surge tendencialmente entre os 20 e 30 anos de idade, sendo que não tem uma causa única.[4] Atualmente, são conhecidos vários fatores biológicos e ambientais que podem contribuir para o surgimento da doença, nomeadamente:

A esquizofrenia surge tendencialmente entre os 20 e 30 anos de idade, sendo que não tem uma causa única.[4] Atualmente, são conhecidos vários fatores biológicos e ambientais que podem contribuir para o surgimento da doença, nomeadamente:

A probabilidade de desenvolver esquizofrenia é maior quando a pessoa tem familiares com a doença.

O cérebro pode apresentar disrupções na regulação de substâncias que controlam o pensamento e o comportamento.

Exposição a toxinas (ex.: drogas como canábis ou cocaína) ou situações altamente stressantes (ex.: pobreza ou negligência na infância) podem desencadear a doença em pessoas com predisposição genética.[5, 6, 7]

É igual para todos?

Não. A esquizofrenia é um espetro e os sintomas podem manifestar-se de diferentes formas, configurando quadros psiquiátricos diversos:

Diagnóstico

Semelhanças à Esquizofrenia

Particularidades

D. Esquizofreniforme[8]

Mesmos sintomas

Curta duração (entre 1 e 6 meses)



D. Esquizoafetiva[3]

Principais sintomas

– Um episódio depressivo moderado ou grave (ex.: energia reduzida, perda de interesse)

– Um episódio maníaco (ex.: humor eufórico, aumento da energia, irritabilidade)

– Ou um episódio misto (maníaco-depressivo)

D. de Personalidade Esquizotípica[3]

Sintomas semelhantes a alucinações e delírios e dificuldade nas relações interpessoais

Padrão (ao longo da vida da pessoa) de excentricidades no comportamento, discurso e aparência

Que tratamentos existem?

Sendo uma doença crónica, a esquizofrenia não tenha cura e, portanto, requer tratamento a longo prazo, de forma multidisciplinar. Este geralmente passa pela combinação de medicação com a intervenção psicossocial.

Medicação

Sendo uma doença crónica, a esquizofrenia não tenha cura e, portanto, requer tratamento a longo prazo, de forma multidisciplinar. Este geralmente passa pela combinação de medicação com a intervenção psicossocial.

Existem diversos fármacos antipsicóticos disponíveis, que podem ser administrados pela via oral (ou seja, comprimidos de toma diária) e/ou injetável (ou seja, uma injeção de toma quinzenal ou mensal). De forma complementar, outros medicamentos também podem ajudar, como antidepressivos ou ansiolíticos. São exemplos:

  • Clozapina (antipsicótico)
  • Risperidona (antipsicótico injetável)
  • Escitalopram (antidepressivo)
  • Lorazepam (ansiolítico)
 

Intervenção Psicossocial

Além disso, é importante participar em tratamentos psicossociais, como:

  • Terapia individual – A psicoterapia pode ajudar a melhorar os padrões de pensamento, aprender a lidar com o stress e identificar sinais de alerta precoces dos sintomas.
  • Treino de competências sociais – Foca-se em melhorar as interações sociais, a comunicação e a tornar as pessoas mais capazes para participar nas atividades diárias.
  • Terapia familiar – É importante capacitar as pessoas mais próximas da pessoa com a doença, de modo que esta tenha um sistema de suporte adequado.
  • Reabilitação ocupacional e emprego apoiado – Tem como objetivo ajudar a pessoa a preparar-se, encontrar e manter um emprego ou outro tipo de ocupação.[9]

 

Referências Bibliográficas

  1. Coentre, R. (s.d.). Esquizofrenia: 10 respostas para entender. Lusíadas Saúde. https://www.lusiadas.pt/blog/doencas/saude-mental/esquizofrenia-10-respostas-para-entender
  2. Gouveia, M., Ascenção, R., Fiorentino, F., Pascoal, J., Costa, J., & Borges, M. (2018). The cost and burden of schizophrenia in Portugal in 2015. International Journal of Clinical Neurosciences and Mental Health4(Suppl. 3), S13. https://doi.org/10.21035/ijcnmh.2017.4(suppl.3).s13
  3. World Health Organization. (2020).  ICD-11: International Classification of Diseases (11ª ed.). https://icd.who.int/browse11
  4. Zhan, N., Sham, P. C., So, H.-C., & Simon. (2023). The genetic basis of onset age in schizophrenia: evidence and models. Frontiers in Genetics14. https://doi.org/10.3389/fgene.2023.1163361
  5. Du, Y., Tan, W.-L., Chen, L., Yang, Z.-M., Li, X.-S., Xue, X., Cai, Y.-S., & Cheng, Y. (2021). Exosome Transplantation From Patients With Schizophrenia Causes Schizophrenia-Relevant Behaviors in Mice: An Integrative Multi-omics Data Analysis. Schizophrenia Bulletin47(5), 1288–1299. https://doi.org/10.1093/schbul/sbab039
  6. Comer, A. L., Carrier, M., Tremblay, M.-È., & Cruz-Martín, A. (2020). The Inflamed Brain in Schizophrenia: The Convergence of Genetic and Environmental Risk Factors That Lead to Uncontrolled Neuroinflammation. Frontiers in Cellular Neuroscience14. https://doi.org/10.3389/fncel.2020.00274
  7. ‌Liu, Y., Ouyang, P., Zheng, Y., Mi, L., Zhao, J., Ning, Y., & Guo, W. (2021). A Selective Review of the Excitatory-Inhibitory Imbalance in Schizophrenia: Underlying Biology, Genetics, Microcircuits, and Symptoms. Frontiers in Cell and Developmental Biology9. https://doi.org/10.3389/fcell.2021.664535
  8. American Psychiatric Association. (2022). Diagnostic and statistical manual of mental disorders (5ª ed., texto revisto). https://doi.org/10.1176/appi.books.9780890425596
  9. Mayo Clinic. (2024). Schizophrenia: Diagnosis and treatment. https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/schizophrenia/diagnosis-treatment/drc-20354449#